Coleção "Estudos e Documentos" 25 - O Macaense: Identidade, Cultura e Quotidiano
|
O Macaense. Identidade, Cultura e Quotidiano, Roberto Carneiro, Jorge Rangel, Fernando Chau, José Manuel Simões (coords), Lisboa, Universidade Católica Editora, 2019, 286 p. (Estudos e Documentos, 25), ISBN 9789725406564
22,00€
> ver link para página da UCE
> acesso gratuito
|
Em Macau – (aomen) – República Popular da China, o cruzamento de povos e culturas configura um verdadeiro melting pot ao longo de cinco séculos de globalização, resultando num caleidoscópio de religiões, etnias, línguas e grupos sociais, em que ressaltam atributos únicos de tertium genus tais como: o patuá, a culinária, a arte e a música, a religião e as festividades.
Estes frutos do encontro, e da mistura de modos específicos de expressão e de comunicação, vão construindo, assim, um espaço novo, uma nova referência, uma identidade, à primeira vista sincrética, mas acabando por se afirmar – e compreender – como marcante e original: uma miscigenação, altamente improvável do ponto de vista das probabilidades de hibridação cultural.
Qual o futuro destas especificidades da comunidade macaense perante os desafios vindouros, no contexto de uma acelerada dinâmica económica, cultural e política da região do Delta do Rio das Pérolas? Terá a identidade macaense, e o território de Macau, um inovador, histórico, papel a desempenhar no quadro das novas estratégias chinesas (i) de globalização, Iniciativa Faixa e Rota (Belt and Road Initiative), e (ii) do megaprojeto de desenvolvimento, Grande Baía GuangDong-HongKong-Macau? Manterá a comunidade macaense laços específicos de solidariedade e funcionará como uma diáspora ativa, com consciência do seu património identitário, sem a necessária referenciação a um território?
Num mundo em constante e rápida mutação, a identidade, a cultura e os valores constituem referenciais muito importantes no dia-a-dia das populações. Da mesma forma, a diversidade (i.e., identidade) constitui uma mais-valia num mundo cada vez mais globalizado, “conectado” e incerto. A Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) tem um enorme potencial na afirmação de uma condição consuetudinária de miscigenação, decantada e consolidada ao longo de séculos, e uma grande oportunidade de servir de ponte, com um óbvio valor acrescentado de utilidade, entre povos, culturas e mercados que se ignoraram ao longo dos anos.
Será que o Macaense integra formas particulares de hibridação e de adaptabilidade / flexibilidade que o tornam especialmente resiliente à erosão do tempo e da história? E, num plano mais geral, qual será o lugar da cultura mestiça perante os vários processos de mundialização subitamente engendrados, constantemente cerzidos, a uma escala planetária em que tudo se pretende reduzir a uma cultura única, primaz e dominante, a do Homo Coca-Colensis?
Pretendeu-se com O Macaense trazer à liça académica o elenco de algumas questões a propósito de uma reflexão qualificada sobre passado, o presente e o futuro.
Esta obra, que conta com a colaboração de 23 autores, foi o fruto de uma parceria entre o Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica Portuguesa, a Universidade de São José de Macau e o Instituto Internacional de Macau. Foi coordenador geral da obra o Professor Roberto Carneiro tendo tido como colaboradores os Professores Jorge Rangel, Fernando Chau e José Manuel Simões. Teve ainda como ilustrador o Professor Luís de Abreu.
O lançamento da obra realizou-se no dia 27 de Setembro de 2019 no âmbito do Colóquio «Portugal-China 20/20» e a apresentação esteve a cargo do Professor Luís Filipe Barreto.
A organização agradece o apoio financeiro da Fundação Macau que gentilmente concedeu o patrocínio a esta obra.
| Voltar |
|