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Atividades em Curso

Colóquio Internacional «Mil Anos de Nomadização» (2018)

Colóquio Internacional «Mil Anos de Nomadização. Passado, património e problemas dos Ciganos» 

 

Desde a sua aparição na Europa ocidental, em começos do século XV, que os ciganos despertaram grande curiosidade, tanto mais que as suas origens permaneciam envoltas em mistério. A variedade dos nomes por que foram designados em nada ajudou a dissipá-lo: alguns nomes, como Rom, pareciam apontar para o Império Bizantino, outros como Gitano e Gipsy para o Egito, ao passo que Boémio apontava para a Boémia, no coração da Europa, e outros, como Tsiganós, Zìngaro, Manuche, etc., não apontavam para parte nenhuma, já que o último significa genericamente "gente" e os dois primeiros, que parecem remontar ao persa chaugân, "jogo da choca, polo", aludiam aos empurrões que de cá para lá e de lá para cá ao longo dos séculos sofreram.

Foi apenas em 1782 que que o filólogo alemão Johann Christian Rüdiger (1751-1822), notou o parentesco entre a língua que falavam e o hindustani falado no norte da Índia, provando assim a sua origem indiana. A partir daí desenvolveram-se variegadas teorias para explicar a sua migração. As mais das vezes adotou-se, simplisticamente, a opinião de que seriam nómadas, cuja nomadização incessante os trouxera, grupo a grupo, ao Ocidente. Esta teoria enfermava de duas pechas: primeiro, como é bem sabido, não existem praticamente nómadas na quase totalidade da Índia; segundo, se tivessem migrado para ocidente gota a gota não se explicaria como puderam durante tantos séculos manter uma língua comum.

Foi só muito recentemente que, folheando as crónicas indo-muçulmanas, se descobriu uma explicação aceitável: os ciganos são, em última análise, os descendentes da população da Kanauj, a sueste da atual Delhi, que em 1018 foi aprisionada, reduzida à escravidão e trazida para o Afeganistão pelas tropas de Mahmud de Ghazni (971-1030), o caudilho muçulmano que lançou as primeiras incursões de pilhagem sobre a Índia, arrebanhando 53.000 prisioneiros. Vendidos a seguir aos Turcos Seljúcidas e utilizados como escravos militares, participaram na conquista turca do Império Bizantino, sendo em grande número sediados pelos Otomanos no vale do Danúbio, para guardarem a fronteira do império. A análise do vocabulário da sua língua — em que abundam os empréstimos persas, arménios e gregos — testemunha claramente das andanças por que passaram.

Mal integrados, em geral, nas sociedades em cujo seio viviam, foram alvo de diversas perseguições, a última das quais por parte do regime nazi da Alemanha. Em Portugal a sua presença está atestada desde a época de D. João II. Bastas vezes denunciados como indesejáveis, foram alvo de diversos projetos de deportação, mormente para o Brasil, para onde, de facto, logo D. João III enviou alguns. E assim cruzaram o Atlântico, para bem longe da sua Índia-Mãe…

Vocacionado para os estudos indianos, decidiu o Instituto Correia de Lacerda de Estudos Orientais aproveitar a passagem do milenário da sua deportação da Índia para, em colaboração com o Centro de Estudos de Povos e Culturas de Expressão Portuguesa da Universidade Católica Portuguesa, organizar um pequeno colóquio em que se ventilasse a sua história, se divulgasse o seu património cultural e se chamasse a atenção para os seus problemas. É uma iniciativa modesta — mas era o que, com os parcos recursos humanos e financeiros de que dispomos, estava ao nosso alcance organizar.

Anima-nos a esperança de que, sem embargo da sua modéstia, possa ela servir de exemplo para mais dilatados voos!

MIL ANOS DE NOMADIZAÇÃO

dia 24 de Novembro de 2018

Programa

I

(de manhã: das 10.00 às 13.00 h)

— Luís Filipe F. R. Thomaz, presidente da direção do ICLEO: Palavras de introdução: da Índia ao Brasil — aventuras e desventuras dos ciganos.
— Elisabeth Clanet dit Lamanit: As muitas denominações de um povo:  Ciganos, Gitanos, Roms, Sintis, Manouches, Bohémiens, Gypsies…
— Manuela Cantón-Delgado, Universidade de Sevilha, El movimiento evangélico gitano: claves etnográficas en perspectiva comparada.
— Maria do Rosário Carneiro: O relatório parlamentar das audições efectuadas sobre os portugueses ciganos em 2009.

II

(à tarde: das 15.00 às 18.00 h)

— Maria José Casa-Nova, Universidade do Minho, Braga / Coordenadora do Observatório das Comunidades Ciganas: Desnaturalizando desigualdades: educação escolar e integração emancipatória.
— Ioan Milica, Universitatea Alexandru Ioan Cuza, Iasi, Roménia: The portrait of the gipsy in the Romanian folklore.
— Ana Oliveira, Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Católica Portuguesa: Comunidades Ciganas e Diálogo Intercultural: as pontes para a inclusão.
— Exibição do filme Amari Esma And-o Kannau3, i. e., "A nossa Esma (uma famosa cantora cigana) em Kannauj".
— Fernando Ilharco, presidente da direção do CEPCEP, UCP: Palavras de Encerramento.

 



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